"custa-me imaginar que alguém possa um dia falar melhor de Fernando Pessoa que ele mesmo. pela simples razão de que foi Pessoa quem descobriu o modo de falar de si tomando-se sempre por um outro. E como os deuses lhe concederam um olhar imparcial como a neve, o retrato que nos devolve do fundo do seu próprio espelho brilha no escuro como uma lâmina"
«Eduardo Lourenço»

Heterónimos

"Sobre qualquer destes pus um profundo conceito de vida, diverso em todos três, mas em todos gravemente atento à importância misteriosa de existir"
«Fernando Pessoa»
"Através de Campos, de Reis, de Caeiro, Pessoa exorcizou os seus medos. Representou-os para deles se livrar."
(Teresa Rita Lopes, «Pessoa por Conhecer»

(DITADO PELO POETA NO DIA DA SUA MORTE)

"É TALVEZ o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
mas não o saudei, para lhe dizer adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada."

Álvaro de Campos

"Não creio em nada senão na existência das minhas sensações; que não tenho outra certeza, nem a do tal universo exterior que essas sensações me apresentam. Eu não vejo o universo exterior, eu não ouço o universo exterior, eu não palpo o universo exterior. vejo as minhas impressões visuais; ouço as minhas impressões auditivas; palpo as minhas impressões tácteis. Não é com os olhos que vejo, mas com a alma; não é com os ouvidos que oiço, mas com a alma; não é com a pele que palpo, é com a alma. E, se me perguntarem o que é a alma, respondo que sou eu." 

(Campos, nas suas «Notas para a Recordação do meu Mestre Caeiro»)
A partir da carta a Adolfo Casais Monteiro
*nasceu em Tavira a 15 de Outubro de 1890 (às 13:30);
*”Teve uma educação vulgar de liceu”;
*foi para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval (Glasgow);
*numas férias fez uma viagem ao Oriente de onde resultou o “Opiário”;
*um tio beirão que era padre ensinou-lhe Latim;
*inactivo em Lisboa;

Fisicamente:
*usa monóculo;
*é alto (1.75 m);
*magro, cabelo liso apartado ao lado;
*cara rapada, tipo judeu português;

"Quando estou muito triste, leio Caeiro e é uma brisa. Fico logo calmo, cantante e com fé em Deus, na alma, na pequenez transcendente da vida depois de ler os poemas deste ateu de Deus e do homem sem além na própria terra."
(Álvaro de Campos, «Notas para recordação do meu Mestre Caeiro»)