"custa-me imaginar que alguém possa um dia falar melhor de Fernando Pessoa que ele mesmo. pela simples razão de que foi Pessoa quem descobriu o modo de falar de si tomando-se sempre por um outro. E como os deuses lhe concederam um olhar imparcial como a neve, o retrato que nos devolve do fundo do seu próprio espelho brilha no escuro como uma lâmina"
«Eduardo Lourenço»

Heterónimos

"Sobre qualquer destes pus um profundo conceito de vida, diverso em todos três, mas em todos gravemente atento à importância misteriosa de existir"
«Fernando Pessoa»
"Através de Campos, de Reis, de Caeiro, Pessoa exorcizou os seus medos. Representou-os para deles se livrar."
(Teresa Rita Lopes, «Pessoa por Conhecer»

(DITADO PELO POETA NO DIA DA SUA MORTE)

"É TALVEZ o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
mas não o saudei, para lhe dizer adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada."

CITAÇÕES/EXCERTOS

"Não é com os olhos que vejo, mas com a alma;não é com os ouvidos que oiço, mas com a alma; não é com a pele que palpo, é com a alma. E, se me perguntarem o que é a alma, respondo que sou eu"
(Campos, nas suas «Notas para a Recordaçao do meu Mestre Caeiro»)


"Que serás quando fores na noite e ao fim da estrada? senta-te ao sol. abdica e sê rei de ti proprio..."
(Ricardo Reis «Não tenhas nada nas mãos» 19-6-1914)

"nao me arrependo do que fui outrora, porque ainda o sou. So me arrependo de outrora te nao ter amado. penso em ti e dentro de mim estou completo. penso em ti, murmuro o teu nome e nao sou eu: Sou feliz"
(Alberto Caeiro «O Pastor Amoroso»)


"que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
 ser o que penso? mas penso ser tanta coisa!
 E há tantos que pensam ser a mesma coisa que nao pode haver tantos!"

(Álvaro de Campos «Tabacaria»)


"não sou nada.
 nunca serei nada.
 não posso queres ser nada.
 À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

(Álvaro de Campos «Tabacaria»)


"ide, ide, de mim!
 passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
 Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
 corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.
 passo e fico, como o universo."

(Alberto Caeiro «Da mais alta janela da minha casa»)


"falaram-me em homens, em humanidade,
mas eu nunca vi homens nem vi humanidade.
vi vários homens assombrosamente diferentes entre si,
cada um separado do outro por um espaço sem homens."



"É TALVEZ o último dia da minha vida.
saudei o sol, levantando a mão direita,
mas nao o saudei, para lhe dizer adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada."

(ditado pelo poeta no dia da sua morte)


"Depois deito-me para trás na cadeira
e continuo fumando.
enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando"

(Álvaro de Campos «Tabacaria»)


"Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce."
(Fernando pessoa, O Infante «A Mensagem»)